domingo, fevereiro 08, 2009

Só um modo de passar o Inverno



A terra foi secando bocadinho a bocadinho à medida que do céu só chegava sol e mais sol. Nestes dias de chuva, o modo de não entristecer perante a humidade da água, é lembrar o quanto a ausência dela é para tanta gente um dos modos mais duros de morrer. A todo o momento, em terras de S. Nicolau, eles recordavam o tempo em que a ilha era verde com a mesma saudade que carregam para todos os lugares do mundo por onde se espalharam.


E a par da terra seca e dura, tudo o resto é o oposto. Em cada canto da casa mais humilde há uma galinha que põe ovos e uma rama de cebola ao fundo do quintal, tudo pronto a fazer saltar uma omelete de sabor único para quem entra pela porta. Há sempre um resto de peixe frito, de cachupa que sobrou, um golinho de grogue ou de ponche, e todas estas coisas têm um sabor caseiro maravilhoso e único. E fotografias, há sempre muitas fotografias. E em cada casa sabemos os nomes dos que estando, são aqueles que lá estão raramente. Estes corações funcionam de maneira especial, são alimentados de força e nostalgia.


Mais logo a tocatina, esse lamento triste envolto em ruidosa alegria.


Pode ser estranho, mas é muitas vezes este o meu modo de (ultra)passar o Inverno.


~CC~

2 comentários:

clorinda disse...

CarpeDiem
abraço e boa semana

Gregório Salvaterra disse...

Oh qu'sodade des morabeza
Bjin
*jj*