quinta-feira, fevereiro 05, 2009

O meu nome é Vanessa (X)

Sentia há vários dias uma dor fininha no peito e, cada vez mais amiúde, falta de ar. Era esta a sina de um asmático. Desde miúdo o tormento das correntes de ar, da água fria, do tempo húmido. O médico nada me tinha dito sobre as perturbações causadas por terceiros. A única razão para este sufoco era a mentira que alimentava as minhas conversas com a Vanessa. Eu sabia que não podia publicar a reportagem sobre a vida dela, mas ela não. Ela queria continuar a falar dos seus homens, ainda só ia nos 19 anos e em três pequenas tragédias. E eu queria continuar a ouvir mas sabia que não podia publicar. As minhas razões para a querer ouvir eram confusas para mim próprio. Nesta profissão, a curiosidade esgota-se depressa, tantas são as histórias que ouvimos. Portanto não era esse o motivo. E pensei muito sobre isso, muito e muito.

E descobri a razão porque eu a queria escutar. É que eu nunca o tinha feito, nunca tinha olhado os homens com e pelos olhos de uma mulher. E ela estendia-me esse universo feminino onde eu nunca tinha entrado sem qualquer preocupação que não fosse simplesmente olhar.
~CC~

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