quinta-feira, março 27, 2008

Teatro no adolescer

Há por vezes uma linha ténue entre o que podemos ser e não ser. A minha linha chamou-se teatro. Teatro no adolescer.

Os momentos deitada no chão da sala escura a verter todas as lágrimas que o dia não podia ver.

O grito a sacudir-me, pedindo que deixasse sair as palavras porque elas podem ganhar asas e nos levar com elas, cada uma é um astro de mil facetas que se pode desfazer na boca.

A ordem imperiosa para soltar o corpo no espaço em vez de o deixar amarrado, aprender que se transformava em caravela e podia ir além mar.

As noites a dormir no chão da biblioteca em intimidade com os livros da dramaturgia, em estreita catarse de alegria e de tristeza, desenhando o futuro como se ele se pudesse abrir em mil medusas de cor.

As mãos agarradas uns nos outros numa ânsia de nós para sempre.

A intensa admiração por aqueles homens e mulheres do teatro, essa magia a entrar sangue dentro em pleno adolescer...

Não fora o teatro e eu podia já não ser.


Teatro todos os dias.
~CC~


Nota: Esta é também uma homenagem ao homem (João Mota) que, em oficinas de drama, tirava adolescentes do nada para lhes mostrar o quanto o mundo dentro deles podia ser imenso.

3 comentários:

Carla disse...

e estas são as tuas palavras que nos demonstram que o mundo tem mesmo muito para nos oferecer, basta encontrar o caminho
beijinhos
bom fim de semana

Alba disse...

Entendo bem essa linha ténue. Sabes contá-la acendendo todas as estrelas! Senti-me reconciliada, sabes?

CCF disse...

Obrigado às duas.
Abraços,
~CC~