Há por vezes uma linha ténue entre o que podemos ser e não ser. A minha linha chamou-se teatro. Teatro no adolescer.
Os momentos deitada no chão da sala escura a verter todas as lágrimas que o dia não podia ver.
O grito a sacudir-me, pedindo que deixasse sair as palavras porque elas podem ganhar asas e nos levar com elas, cada uma é um astro de mil facetas que se pode desfazer na boca.
A ordem imperiosa para soltar o corpo no espaço em vez de o deixar amarrado, aprender que se transformava em caravela e podia ir além mar.
As noites a dormir no chão da biblioteca em intimidade com os livros da dramaturgia, em estreita catarse de alegria e de tristeza, desenhando o futuro como se ele se pudesse abrir em mil medusas de cor.
As mãos agarradas uns nos outros numa ânsia de nós para sempre.
A intensa admiração por aqueles homens e mulheres do teatro, essa magia a entrar sangue dentro em pleno adolescer...
Não fora o teatro e eu podia já não ser.
Teatro todos os dias.
~CC~
Nota: Esta é também uma homenagem ao homem (João Mota) que, em oficinas de drama, tirava adolescentes do nada para lhes mostrar o quanto o mundo dentro deles podia ser imenso.
3 comentários:
e estas são as tuas palavras que nos demonstram que o mundo tem mesmo muito para nos oferecer, basta encontrar o caminho
beijinhos
bom fim de semana
Entendo bem essa linha ténue. Sabes contá-la acendendo todas as estrelas! Senti-me reconciliada, sabes?
Obrigado às duas.
Abraços,
~CC~
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