Viviane esbracejava e gritava e estava sempre a zangar-se, uma onda de emoções à flor da pele, da qual ninguém escapava. Junto dela estava calor, estava frio, mas nunca se vivia tempo ameno. As palavras eram todas dela e usava-as para se espalhar no mundo. Da sua desorientação eram vitímas directas os seus três gatos e alguns vizinhos a quem movia luta sem tréguas. Os seus excessos traziam-na próximo de nós, pela fragilidade que mostrava, não obstante o receio de que alguma vez a zanga tomasse para sempre conta dela. Era uma mulher sem Primavera. Era toda ela Verão.
Natália, ao invés dela era uma mulher quase sem palavras, não se lhe reconhecia tristeza ou crise, mágoa que se visse ou se traduzisse em qualquer choro. Da felicidade também não era possível dizer alguma coisa, porque tinha um riso comedido e uma gargalhada que nunca chegava. Era contida, tão contida que não se lhe adivinhava quase nada da alma, não obstante nos acolher com delicadeza e simpatia. Os seus abraços eram como penas soltas no vento e nunca, mas nunca se conseguia soletrar a palavra proximidade para combinar com ela. Era uma mulher sem Verão, sem Inverno e a ausência de brilho não a podia aproximar da Primavera, era Outono certamente.
Um dia pediram-me que escolhesse qual delas precisava com mais urgência de um divã de psicanalista. Perdida na dúvida, sugeri a partilha do divã, resposta que apesar de errada do ponto de vista académico, achei até hoje que era certa.
De qual delas gosto mais? Essa é já uma outra questão.
De qual delas gosto mais? Essa é já uma outra questão.
~CC~
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