quinta-feira, outubro 11, 2012

Gap, jump, step, yessence...essas coisas!


A minha mãe era uma mulher linda, talvez só a filha mais nova (que não sou eu, claro) se aproxime em beleza. Mas lembro-me bem da velhice lhe chegar de forma mais e mais irremediável por volta dos cinquenta anos e da vida dela nessa altura ser tão difícil que ela não podia fazer nada. Não falo de plásticas mas sim de umas corridinhas, umas aulas de ginásio, um brilho para os olhos. Tudo lhe estava vedado. Creceu-lhe a barriga, as peles debaixo dos braços, a celulite. Os meus genes são dela um derivado tão grande que olhar o corpo dela com essa idade é também olhar o meu a sofrer o mesmo.

Também não tive muito tempo, andei para aí a coleccionar graus académicos e a trabalhar loucamente para me manter uma mulher adulta perfeitamente autónoma.

Há dois anos fiz uma experiência infeliz de ginásio com umas máquinas estupidamente silenciosas a contrastar com as gralhas das monitoras que pareciam ter saído de um programa de TV americano. Acabou tão depressa como começou porque fretes não são o meu forte.

Este ano estava mesmo decidida a fazer qualquer coisa. Não me perguntem os nomes das várias modalidades de grupo, navego nelas como num país estrangeiro, convencida de que as barreiras são ultrapassáveis pela minha vontade mas pouco disposta a ir para além de um certo nível de aprendizagem - o básico. Passei hoje pela vergonha de dizer ao professor que era a minha primeira aula de uma coisa daquelas (a que ainda chamo ginástica) em quase 20 anos. E ele perguntava e perguntava incrédulo como é que alguém não pode fazer da actividade física o seu altar (eles são todos um bocadinho assim), até que lhe disse que nos últimos 20 anos só tinha mesmo usado a cabeça. Lá se riu e recebi uma palmadinha nas costas e a frase mágica: mas aguentou muito bem! Está bem, assim vou voltar...

~CC~









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