As últimas semanas de aulas arrasam-me emocionalmente. A impossibilidade de recusar a cerimónia das fitas em que é preciso subir ao palco com eles e dizer-lhes alguma coisa (que dizer nestes tempos de descrença a jovens que terminam um curso...). O cansaço que me surge de tantos anos a ser sempre eu a acompanhá-los quando há tantos professores no curso, ainda assim este ano tive a companhia de uma colega. Ainda queria sentir-me feliz mas a parte da exaustão que carrego matou a minha alegria, perdi a inocência e estas cerimónias pesam-me.
As apresentações finais que duram dias inteiros e me mostram as diferenças entre eles apesar de terem passado pelo mesmo percurso, as mesmas horas no gabinete, as mesmas aulas, todo o tempo que sinto que em alguns casos foi sem utilidade, noutros uma conquista, tempo bem gasto. Feliz com alguns resultados, alguns muito bons.
Há choros e sorrisos e imagens que eles prepararam dos três anos que passaram por aqui, há emoção e carinho e são sentidos os abraços finais, apesar de ser árduo o caminho, há agora respeito e ao mesmo tempo há proximidade entre docentes e estudantes, não se anulam. Nunca tive nada disto nas universidades pelas quais passei. Talvez isto seja o melhor que temos, esta sensação de que acompanhámos de facto um percurso de formação, que sabemos exactamente o que vale agora cada um deles. Ao mesmo tempo que sei e sinto isto, leio no jornal que os Politécnicos são em muitos casos um caixote do lixo, a última das hipóteses para quem quer tirar um curso de ensino superior. Não duvido que estão em cima da mesa cortes profundos que levarão ao fecho de muitas destas instituições, acabarão como acabam as coisas em Portugal - com um estudo encomendado para servir uma decisão política antecipadamente tomada.
~CC~
1 comentário:
o mesmo se passa comigo, quando acabam as aulas, estou arrasada, vazia mesmo.
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