VALE (Teatro da Trindade, Domingo de há quinze dias)
Vi, sentada nas escadas do teatro a abarrotar, com os olhos abertos de espanto, que no fim estavam molhados, a lezíria inteira num palco.
Os bailarinos eram cavalos, bezerros, e bois, e estavam à solta no prado, em poses de zanga e namoro, mansos em dias de sol, e perturbados sempre que a tempestade lhes chegava ao sangue. Os corpos dos bailarinos eram a arte da transformação. E quando eles se vestiam, projectavam nas suas roupas, as imagens de uma terra toda ela um horizonte. Não estavam, porém, sós, os seus olhos que tinham ido ao vale, tinham deles trazido outras mãos, outros rostos, o verdadeiro povo da lezíria. Tinham dançado juntos, armando uma teia corpos perfeitos e corpos imperfeitos, num baile único pelo qual a banda puxava, como se de uma matiné de Domingo se tratasse.
3 comentários:
A minha lezíria. O meu Tejo.
Agora chama-se Lezíria do Tejo, uma sub-região do Alentejo, mas isso não altera nada. É sempre o Tejo a dar-lhe nome. Nomes de aquém e além Tejo. Nomes das Tágides, Fertagus e Transtejo.
O Tejo não é mais belo que o rio que passa na minha aldeia, Caeiro, porque o Tejo é mesmo o rio que passa na minha terra. Pelo Tejo vai-se para o mundo. E fui.
Pena de não me sentar contigo nas escadas desse vale. Sentarmo-nos à beira-rio e enlaçarmos as mãos.
Beijo
*jj*
Olá ~CC~
Não tenho tido tempo para espreitar a sua Ardósia azul e já tinha vontade de passar por aqui...
Li muitas narrativas cheias de interesse e tenho saudades...
Vou voltar a visitar,se me deixar... Abraço da Ana Carita.
Obrigada por (ainda) virem até aqui, agora que a escrita esta em pousio e sem grande brilho.
Ana, um prazer (desde sempre), venha sempre que quiser.
~CC~
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