Devemos pensar duas vezes quando alguém nos propõe regressar aos nossos vinte anos. Quando alguém nos propõe falar do nosso mestre e do que a sua voz nos fez quando ainda não tínhamos acabado de crescer, quando o nosso corpo era um vime, o nosso coração um peso superior a nós e a nossa cabeça um turbilhão por minuto.
Fui inocente, fui sem pensar.
E só agora que a tarde já dá lugar à noite me apetece chorar.
Dizes que chegámos lá pelo acaso, que os dez que entrevistaste para a tua investigação te disseram isso. E que todos disseram que depois daquilo não voltaram a ser os mesmos.
Eu era a miúda triste e pobre, com duas tranças e os dentes já a apodrecer, um destino nada azul pela frente. Ninguém hoje acredita que eu era assim, mas era.
Mas explodia cá dentro, como ainda hoje.
~CC~
Sem comentários:
Enviar um comentário