Do princípio ao fim eu sou só desejos, não necessito de passas para desejar, nem de novos anos. Eu precisava era de não desejar, o desejar é que é o mal que me habita. Tenho inveja de quem não deseja e só plana em paz, tranquilamente vendo cada dia que passa como uma luz que nasce e se apaga.
Vejo a lista dos desejos dos outros e acrescento mais à minha, afinal ainda havia mais alguma coisa para querer. Do princípio ao fim eu sou só desejos, grande parte deles imateriais, esquivos, escorregadios. Invento desejos para os outros quando eles não conseguem esgotar as doze passas, há sempre mais uma ideia em mim, qualquer coisa de querer. E não são carros, nem barcos, nem jóias, nem vivendas com um quintalinho e um cão de raça.
Eu tenho muitas reclamações para o Instituto dos desejos, anos e anos a cobrar-lhe de insatisfação. Toneladas de passas desperdiçadas.
Pedi para não desejar tanto.
~CC~
1 comentário:
Desejar não custa nada, enquanto desejamos há uma série de anjos a bater as suas asas.bjo
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