domingo, outubro 10, 2010

Domingo de volta

Tenho-me. Tenho-te. O mundo parece acordar de um sono triste.

Toquem os sinos porque o Domingo é de água e Deus é o sangue que nos corre por dentro a pedir felicidade. Há uma fina película de luz a entrar nas janelas que acabei de abrir.

Apanhei mais do que um comboio para acordar noutros lugares e poder saber como é a manhã quando acordamos longe de casa e não sabemos onde se pode ir beber café. E Aveiro é uma cidade entre a água doce e a água salgada, num equilibrio instável. Tem a serenidade dos lugares instáveis, a mesma que eu procuro. A beleza dos lugares em movimento.

É tão bom como ir é poder no regresso enrolar-me naquele sorriso alegre da adolescente que me espera na volta. É observar até que ponto as plantas cresceram na minha ausência. É deixar-me cair no sofá de todos os dias. O melhor das rotinas é sabermos que as podermos romper, é conseguir fazê-lo.


Que em mim não morra esta vontade de ir, mesmo quando o peso das pernas parece ter aumentado e a vontade de dizer palavras parece ter desmaiado no fundo da minha garganta. Mas não é assim, eu sou ainda a vontade de ir. A minha viagem interior cresce nas viagens reais da terra, sou mais eu de cada vez que acordo noutro lugar.
~CC~

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