Duas mulheres, uma mais velha, outra mais nova, manhã muito cedo. Elas caiavam o muro enquanto entoavam canções, velhas canções ouvidas das suas mães. Dizem que no Alentejo as mulheres tornam as casas brancas mas não cantam. Estas cantavam e olhavam-nos de soslaio, entre o medo do desconhecido e a vontade de dois dedos de conversa. Sorrisos meios, vergonha muita.
Vindas de outro tempo estas mulheres na aldeia pacata ao pé do mar, hoje só um lugar de férias. Elas no mesmo tempo que nós, do mesmo tempo, e ainda assim noutro tempo. No minuto do sorriso iguais, eu e elas, apenas mulheres entoando, olhos postos no mar. É preciso que os muros sejam brancos, muito brancos.
~CC~
2 comentários:
Olá Ardósia:
As mulheres do meu Alentejo,caiavam
mas não cantavam,as casas ficavam
muito brancas e elas muito suadas
do calor e do cansaço.
Eu era pequena,e observava e elas diziam
-É para afugentar o calor...
Ás vezes paravam e limpavam o suor
que escorria pelo rosto.
Na minha aldeia estas mulheres chamavam-se caiadeiras,porque no
verão era o seu trabalho.
As frontarias ficavam imaculadas,para a festa de agosto e para a procissão da Nossa Senora da Conceição.
Quando iam na procissão,olhavam com orgulho para o fruto do seu trabalho e sorriam acho que sentiam
uma vaidadezinha,por terem embelezado todo o espaço,por onde passava o andor DA VIRGEM.
No Alentejo as mulheres trabalhavam
muito,com os lenços e chapéus na cabeça,para se protegerem do calor
la iam em grupos para o campo.
Tanto cansaço para ajudarem na subsistência familiar.
É a vida e os costumes...
Apesar dos muros
o branco
olhos no infinito azul
Bj
Enviar um comentário