terça-feira, março 09, 2010

Dançar, voar, rebolar.

Eram meninas da escola primária rindo abraçadas. De que riam elas? Riam porque tinham enviado um bilhete ao rapaz de que todas elas gostavam. Perguntavam: de quem gostas? Perguntei-lhes como é que faziam para não se zangarem umas com as outras, presa da minha lógica adulta, do que tantas vezes vi as mulheres fazerem umas às outras por causa de um homem. E elas disseram que não fazia mal, que não se iam zangar por causa dele. Elas disseram que eram amigas, que seriam sempre amigas. E ele foi variando ao longo dos anos da escola primária, mas nunca se ligando muito aos namoros, preferia mesmo o campo de futebol, os desenhos e a Matemática. E é verdade, elas nunca se zangaram por causa dele.

E lembrei-me anos antes, quando amei alguém que não sabia, que estava hesitante. Lembro-me de lhe dizer que ele podia ir, que não o queria prender a mim. E ele foi. Uns tempos mais tarde voltei-o a ver e ele disse-me: tu não lutaste por mim. E disse-me que tinha concluído que eu não o amava verdadeiramente. Se eu já tivesse conhecido naquela altura as meninas da escola primária, teria sabido dizer-lhe que o amor é uma coisa demasiado bonita para combinar com a palavra luta, que preferia combiná-lo com outras palavras. Outras tais como dançar, voar, rebolar.

E nunca, nunca com perder e ganhar.
~CC~

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