segunda-feira, dezembro 21, 2009

Inquietude

Também senti medo, há muito que tenho medo dos sismos. Todas as noites quando me apetece dormir nua, e é quase sempre apesar do frio, penso neles. Penso que se tiver que sair a correr, não quero mostrar a minha nudez ao mundo, e assim visto pelo menos uma camisola, uma camisa de dormir, um pano qualquer. Mas quando penso no medo, nunca penso nos sismos, penso mesmo na violência de que os homens são capazes, isso sim é mais assustador do que o rugir da natureza.

Vi Ágora presa na dor desse confronto com a violência dos homens, fechando os olhos perante a barbaridade que é capaz de habitar um olhar, atónita perante o contágio da raiva, a nódoa a alastrar impossível de conter. Chamar religião a qualquer coisa que tem tanto ódio dentro só pode ser a verdadeira blasfémia. Vemos como esse mal é capaz de viver em todos as religiões e como é paradoxal fazer tanto mal em nome do bem.

E também abri os olhos extasiada para ver as estrelas brilhar intensamente dentro do coração de uma mulher, fui com ela nessa viagem pelo universo cheia de perguntas, ainda e sempre cheia de perguntas. Senti-me reconciliada com a Ciência, não obstante duvidar tantas vezes dela. Mas a busca do saber é um infinito bem, sobretudo se ela se faz na humildade de entender cada resposta como apenas um momento de apaziguar a inquietude antes de partir de novo.

~CC~

Sem comentários: