domingo, novembro 08, 2009

Muros (I)

Foi numa noite fria e escura que o calor chegou pelos olhares mudos que se encontravam nos gestos que partiam em bocados o cinzento de décadas. Ninguém sabe bem como começou, nem quantos bocados de muro decoram as casas dos alemães, esses que moravam de um lado e do outro do muro. Se fosse hoje, seria por sms, as operadoras de TM ficariam felizes, pensariam mesmo em construir novos muros. Mas foi em 1989, no tempo em que a palavra ainda se conspirava pelas esquinas. Numa noite foi possível destruir o que numa outra noite tinha sido possível construir, mas foi na palavra destruir que dessa vez o sol quis morar. Não sabemos quanto tempo mais foi necessário para anular o medo do encontro, ou se esse medo existiu mesmo. Sabemos que a queda do muro abriu um mundo para o lado de cá e outro para o lado de lá. Não sabemos se já nos encontrámos, mas agora podemos.
~CC~

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