terça-feira, junho 02, 2009

Mulheres da minha vida (III)

..."há homens que precisam de mulheres bonitas ao lado para se sentirem socialmente confortáveis"

Deep, do blogue "letras são papéis"
Com um agradecimento pelo mote para a história...

Era hoje, sem dúvida um homem rico, na casa dos 50 anos. Acrescentava a esse património que por um lado era herdado e por outro era já uma conquista sua, uma capacidade inesgotável de trabalho e uma profissão onde a competência profissional, se habilmente gerida, podia criar fortuna. Não era nem bem nem mal parecido, nem bonito nem feio, nem gordo nem magro. Nunca se lhe tinha conhecido um casamento, nem uma namorada. Fazia, no entanto, questão de se afirmar como heterosexual, não fosse esse deserto de amor que parecia a sua vida, fazer crescer rumores. E é verdade, de vez em quando aparecia com uma namorada ou outra, quase sempre lindas, e de várias nacionalidades. Mas era nitído que não se encantava com nenhuma, e por isso tinha arranjado uma justificação social: era um eterno solitário à procura de uma princesa. E chegava a descrever de modo pueril essa mulher dos seus sonhos, uma mistura entre a filha de família e a Britney Spears, uma síntese provavelmente difícil de encontrar.


Um dia confessou entre os mais íntimos que tinha uma amante, que a tinha tido a vida inteira. Não sabia se a amava mas era feliz com ela como nunca tinha sido com mais ninguém. Ela compreendia-o, não lhe pedia nada, recebia-o entre duas viagens de avião, partilhavam o jantar, a lareira, a noite de amor. Os amigos imaginaram logo a amante como uma pobre coitada sem nada, inculta e com "casa posta" à moda antiga, uma vida de silêncio na sombra de um homem que não a assumia. Mas na verdade esta mulher não precisava nem financeiramente nem intelectualmente deste homem, era totalmente independente. Questionaram-no então: como é que duas pessoas que são felizes juntas não assumem tal relação. E então ele confessou: ela era da mesma idade dele e não era uma mulher bonita, estava longe de ser a sua princesa, a mulher que ele ainda procurava.


Tantos anos afinal e ele sem saber que já há muito a tinha encontrado. É assim o mundo de alguns homens.

~CC~

1 comentário:

deep disse...

Antes de mais, obrigada pela referência!

Já conheci - e conheço - homens (e mulheres também) assim, que gostam , mas não assumem. Talvez porque antes de tudo, estão eles próprios; ou porque são tão inseguros que temem ser apontados se não tiverem ao lado mulheres "estrondosas" que possam causar a cobiça dos amigos; ou então porque, acima de tudo, valorizam o exterior. Por norma, mantêm essas relações porque precisam de ser adorados (aqui já não importa o aspecto de quem adora) e, não podendo sê-lo pelas mulheres que gostariam de ter, entre a solidão e essa situação, optam pela segunda hipótese. A base é sempre a mesma: egocentrismo!

Beijos

P.S. - Desculpa ter tomado tanto espaço desta caixa de comentários! :)