A Europa é essa entidade abstracta que toma conta dos nossos dias sem que demos conta. Em tantas e tantas coisas é ela infiltrada naquilo que pensamos como políticas nacionais, pelas quais responsabilizamos os nossos políticos, pelas contas que a eles pedimos e que jamais lhe pediremos a eles. Já vi directivas europeias practicamente traduzidas para português intituladas como leis portuguesas.
Não ter votado nestas eleições não significou para mim o desprezo pela importância destas eleições, muito pelo contrário. Entre os abstencionistas pode haver muitas razões e vontades ou a total inexistência delas. No meu caso, foi mesmo a impossibilidade de fazer uma coisa por fazer, isto é, sem qualquer convicção. O branco seria mais coerente sim, não fora algumas impossibilidades. Mais à esquerda, o desprezo pela Europa é há muito conhecido e não o partilho. No meio, não brilhava nada, só havia mesmo o pior da política. A lista do PS mereceu perder de facto, e não se trata do primeiro ministro, mas mesmo da lista baça, gasta, cansada (com excepção de Correia de Campos, que dada a forma como saiu do governo nunca devia lá estar). À direita, os betinhos aprenderam com Paulo Portas a fazer campanha, e fizeram-na bem, afinal o povo não é assim tão intragável. Ficam muito bem numa Europa orientada à direita e talvez possam ter algum papel se barrarem a direita mais extremista que está a conquistar devagarinho o parlamento europeu.
Não ter votado nestas eleições não significou para mim o desprezo pela importância destas eleições, muito pelo contrário. Entre os abstencionistas pode haver muitas razões e vontades ou a total inexistência delas. No meu caso, foi mesmo a impossibilidade de fazer uma coisa por fazer, isto é, sem qualquer convicção. O branco seria mais coerente sim, não fora algumas impossibilidades. Mais à esquerda, o desprezo pela Europa é há muito conhecido e não o partilho. No meio, não brilhava nada, só havia mesmo o pior da política. A lista do PS mereceu perder de facto, e não se trata do primeiro ministro, mas mesmo da lista baça, gasta, cansada (com excepção de Correia de Campos, que dada a forma como saiu do governo nunca devia lá estar). À direita, os betinhos aprenderam com Paulo Portas a fazer campanha, e fizeram-na bem, afinal o povo não é assim tão intragável. Ficam muito bem numa Europa orientada à direita e talvez possam ter algum papel se barrarem a direita mais extremista que está a conquistar devagarinho o parlamento europeu.
E é o que mais me preocupa, a forma como suavemente, pouco a pouco, se verifica a infiltração no monstro europeu de um pequeno vírus- a extrema direita europeia. Como acontece com os vírus não podemos saber se estamos perante o sinal de uma epidemia ou perante um surto episódico sem mal de maior. Mas convém estar atento, muito atento. Ainda por cima para dominar a Europa hoje já nem é preciso invasões, guerras, exercitos. Gosto da Europa, tenho medo da Europa.
A política, no sentido convencional do termo, não é coisa sobre a qual normalmente me apeteça. Essencialmente falta-lhe poesia, rasgo e bravura.
~CC~
4 comentários:
Assino por baixo!
Sempre muito agradável a tua escrita. Para quando o teu livro na prateleira da 'Barata'.
Bjo
Ernesto Carreira
Assino por baixo!
Sempre muito agradável a tua escrita. Para quando o teu livro na prateleira da 'Barata'.
Bjo
Ernesto Carreira
é o medo da Europa com letra grande que faz com que a Europa se torne uma coisa medonha
é preciso acreditar que os homens são mais do que as mesquinharias nacionais
penso eu
Este chavão «EUROPA» que nos põe palas nos olhos , e freios na mente... atafulhando-nos de discurso vago que nem tentamos decompor. Por vezes sinto-me alienada!? Nessas alturas (nem sempre) oiço uma música de há 30 anos : refresca-me, dá-me cor, vida e o que vejo e oiço fica menos turvo... por vezes ainda consigo reagir e sinto-me feliz!
EB
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