terça-feira, maio 05, 2009

Montes de gente...

T-O-M. Serra de Bornes, 2009


Se o tempo não me fugisse como areia entre as mãos, ficaria por aqui a contar as histórias, mesmo que ninguém as quisesse ler, acho que as contaria a mim mesmo, é aliás a maior parte das vezes o que faço. Conto-as para não me esquecer.


Um dos meus maiores prazeres é acordar num lugar que não conheço, e só isso me chegaria para explicar o desejo que tenho sempre de partir, de viajar, de descobrir. E se levava comigo uma vontade grande de lavar os olhos com os horizontes que se descobrem atrás de cada monte, o que trouxe de lá foi muito mais que isso. Eu sempre soube que gostava de pessoas, mesmo quando esse sabor é atravessado de algum amargo, mas estarei viva enquanto tiver este prazer da descoberta dos outros e ainda mais quando esses outros são tão diferentes de mim. Não esquecerei assim o modo como ela veio ao nosso encontro, nos levou a avistar o mar feito de terra, nos traçou caminhos pelas aldeias, nos abriu a porta de casa e nos apresentou o seu pai e a sua mãe. Era capaz de ficar ali muito tempo a saber como se cozinha cada um daqueles petiscos e se escolhem os melhores cogumelos, era capaz de ficar muito tempo a saber como é viver e trabalhar em terras remotas e frias, onde a vida pulsa tão dura e tão quente.


As pessoas contam as suas histórias e eu gosto de as ouvir, acho que é esse o princípio de tudo e também da escrita. Trago assim os olhos absurdamente cheios de montes de gente.


~CC~


3 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Que bom!

jvt disse...

Conheço essa vista, conheço essa gente, conheço essa serra!

Um dia estarei lá para te receber... Prometo!

Bjs
João

deep disse...

Tens que voltar, para conhecres outras terras, ouvires outras histórias e para nos contares as tuas histórias do Sul e dessa outra terra onde o vento sopra de maneira diferente! :)