quarta-feira, março 04, 2009

A vida é na TV

A TV permanentemente ligada, como se no cabo que a liga residisse a verdadeira vida, em vez de ser no sangue que corre nas veias.

O cabeleireiro é pindérico e periférico, todo ele esteticamente duvidoso. Elas cortam o cabelo em cortes sem graça e apesar das brasileiras viverem paredes meias, não aprenderam com elas a dizer queridinhas nem a acenar-nos com sonhos de beleza miraculosa. A televisão permanentemente ligada, substituídas as novelas por outros programas mais cultos, quase todos resumidos a mudar qualquer coisa na vida das pessoas. Pessoas que se oferecem para que lhes mudem a roupa, a casa, o jardim e a varanda.

Os olhos delas vidrados na maravilha do papel de parede, na oliveira de jardim, no corte do fato, na mudança de cor do cabelo. Os comentários são fluentes, indiferentes à minha presença, presos naqueles anjos televisivos que agem como engenheiros de moda e de design de interior. No fim, arranjado o quarto e a varanda, elas dão gritinhos de contentamento como se a vida delas também tivesse mudado por completo. O preço é módico, mas não sei se cobre a tortura.

Ainda por cima a franja ficou torta.
~CC~

2 comentários:

ecila disse...

Custa-me mais os cabeleireiros onde se fala mal das pessoas (ora dos famosos ora dos amigos (!?!)). O ultimo que fui desse tipo em Portugal nao voltei a pôr lá os pés. Nao há preco módico que pague o corte (e costura).

Nem uma franja torta! ;-)

CCF disse...

Ecila, seja bem vinda :)
em toda a minha vida só gostei de um lugar destes:) Era realmente diferente e um dia escreverei sobre ele, tudo o resto que conheci é abominável por um ou por outro motivo.
~CC~