quarta-feira, março 11, 2009

Mulheres da minha vida (II)


Faz-se silêncio nos dias em que não está, o sofá da sala não se abre como cama para nos estendermos, não há elogios sobre a salada que só eu sei fazer e protestos sempre que é peixe. Nas noites em que não está não há perguntas para as quais tenho que pensar duas vezes antes da resposta, nem comentários sobre a minha roupa nem conselhos sobre a escolha da dela para o dia seguinte. A noite termina sempre mais sombria, não obstante ser torturante mandá-la para a cama e ela lembre o chá que faz parte do ritual nocturno, na tentativa óbvia de prolongar mais um pouco o dia. Esta noite custou mais deixá-la ir, tive um assombro de egoísmo de a querer ver acordar amanhã, mas deixei-a ir, porque não podemos aprisionar o que amamos e os filhos têm que ser partilhados porque feitos a dois. E percebi que o almoçar amanhã na escola era importante, mesmo quando pede tantas vezes para não o fazer e me apetecia imenso poder vê-la ainda de dia, é a parte que cabe ao riso das amigas quando se faz 13 anos.


São tantas as coisas que mudaram este ano. O primeiro não assumido que tive que dizer às unhas pintadas, a primeira mensagem de comemoração do dia da mulher que ela me reenviou por sms, o interesse pela primeira vez genuíno pelas mudanças sexuadas do corpo, do seu e das outras raparigas, o desejo claro de sair do país e conhecer outras coisas, o gosto pela prática do Judo. Há crescimento diário em cada diálogo sobre o mundo, sobre o quotidiano e maravilho-me pelo seu gosto de discutir e de pensar. E se é em muitas coisas original e diferente das outras miúdas (Oh meu Deus, os dias que levámos a explicar-lhe o conflito entre Israel e a Palestina!) e é crítica (eles nem sabem o que é a Casa Branca…nem querem saber!), é também parecida com todas elas em muitas outras (um telemóvel novo é que era uma boa prenda!) e isso faz dela uma rapariga integrada, mas capaz de pensamento próprio. Parece-nos a maior parte das vezes uma pessoa feliz, mais feliz do que alguma vez eu me lembro de ter sido na idade dela, quero contribuir para que assim seja.


É mesmo a menina, a mulher da minha vida.

Parabéns ~A~.

5 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

Parabénsina às duas. Mulheres. Menina e mãe. Também da vida partilhada.
Beijos. Dois.
*jj*

blue disse...

Parabéns CCF. E felicidades para a tua menina grande!

Cristina Gomes da Silva disse...

É assim com as filhas, acho eu.

Feliz resto de dia, menina A.

CCF disse...

Agradecemos as duas. Beijinhos
~CC~

Anónimo disse...

Oh professora, parece que a li a invocar o nosso Deus?!:)))))))

É verdade o tempo não pára e a menina loirinha, que conheci pequenina já cresceu tanto!

Tenho a certeza que sai à mãe, com esse gosto pela arte da reflexão...:)

Beijinhos,
Madalena.