quarta-feira, julho 09, 2008

Verão que (me) tardas



Entre tantos dias de ritmo intenso este chega hoje com um certo sabor a festa, como se de repente entre todos os sabores ganhasse o vermelho adocicado das cerejas. Chegaram ao fim os dias de viagem de estágio em estágio, vividos entre momentos de grande alegria e preocupação intensa. Pequenos pedaços foram quase tudo: a peça representada pelos jovens com défices cognitivos profundos da APPACDM; os três idosos vestidos a rigor e brilho que vieram cantar letras da sua autoria, a poesia popular a sair decorada sem custo dos lábios das idosas a quem a vida (quase só) chega através do serviço de apoio domiciliário; as despedidas que muitos fizeram na sinceridade de uma saudade que já começa.


Este Verão não me parece ser, nunca a escola esteve assim frenética em Julho, nem o meu coração fervente de emoções e desafios balançou e bateu tão manso de cansaço que quase não o consigo ouvir. Nunca as letras pararam tão devagar nos dedos e os romances do ano esperaram tanto para ser lidos. Nunca, como este ano, deixei de renovar o guarda roupa com uma nova cor ou feitio da estação, nem de cortar o cabelo um pouco mais curto.


Este Verão não parece ser, o mundo estremece entre a libertação de Ingrid e o preço do barril de petróleo, enviam-se mandatos de captura internacional, encerram-se processos judiciais de grande aparato, os deputados parecem não querer largar o debate sobre o estado da nação, as pessoas correm ainda pelas cidades.


Só o chapéu de sol laranja que abriste para dar sombra ao quintal parece ser um sinal de que é Verão. E é por ele que me vou guiando, na esperança de ainda conseguir apanhar as noites de calor e lua deslumbrante.

~CC~

1 comentário:

Gregório Salvaterra disse...

O verão não parece, mas vai-se abrindo como os chapéus de sol e o riso das meninas em férias.
Verão que sim.
Abraço.
*jj*