terça-feira, maio 06, 2008

Aprender

Aquela Faculdade é uma caixa forte pintada de branco, não fala comigo. Desde o primeiro dia que sou lá uma estranha e a maior parte das vezes não sei como fui lá parar. Não consigo resconstituir os meus passos. Nunca tinha feito lá nada antes. Desde o início tentei fazer o impossível em mim, pensar que ia para lá com um objectivo muito, muito específico, uma rota da qual não me devia desviar. Desta vez nada de delírios, percursos por este mundo e pelo outro.

Quando dei conta do que andava a fazer já os laços com os colegas eram quase tão sólidos como com os meus amigos de há vinte anos. Jantaradas, música, palavras noite fora, olhos molhados por vezes. Nada do que se espera de adultos, os mais novos já no limiar dos quarenta. Nenhuma rivalidade, pura delícia de amizade.

Depois a orientação, desde o início um nome certo, não haveria desvio. Um homem sólido, amigo, calmo e ponderado. Pois. Depois do primeiro ano o deslumbramento intelectual já morava noutro lado. Não resisti a seguir a pista do desnorte. Não sabia depois de tanto tempo a estudar que a orientação de um trabalho poderia acontecer a passear num jardim de um lado para o outro e depois pela tarde fora sentados ao relento num banco verde de madeira velha. Puro deleite de neurónios e um papel cheio de desenhos, mais confusa do que à chegada decerto mas com sentidos apontados e desafios múltiplos.

Ando por este mundo e pelo outro, é caso para dizer que nunca aprendo.
~CC~

3 comentários:

Anónimo disse...

Isso já é aprender!:P

Beijinhos,
Madalena.

hora tardia disse...

quem dera que aprender fosse mais fácil....por exemplo....saber viver....:).



beijo.

CCF disse...

Aprender é mesmo complexo, mas...também é coisa que acontece simplesmente, sem sabermos como :)
Abraços
~CC~