É agora um tempo em que se descosem laços muito antigos ou mais recentes, mas em que duas pessoas que estavam juntas parecem nada mais encontrar para assim se manter. São separações de amigos ou de família, gente próxima. Da dor deles há um eco na nossa pele. Há também a enorme dificuldade em dizer as palavras certas, em oferecer o colo na medida correcta, em escolher o melhor lenço que possa limpar as lágrimas ou em alguns casos, o empurrão para que possam chorar porque tudo parece já estar seco. Querendo ser justos, parecemos sempre injustos. Recusando acusar nos casos em que é essa a medida que aquela separação encontra, somos sempre suspeitos, acabamos por vezes também acusados.
Há também a sensação por vezes estranha de que se separa quem não devia e permanece junto quem já não devia estar. O esgotar das razões e as razões que parecem não se encontrar.
E há um deles que vemos partir mais do que outro porque era com esse o nosso nó primordial, ficamos sem saber que dizer ao elo do par que sabemos que o tempo levará para longe de nós. È como se o seu rosto já se estivesse a apagar, como se a voz se estivesse a esfumar, como se do tempo que juntos vivemos já só reste a lembrança. Durante alguns anos pensei que devia acompanhar minimamente este que sairá do círculo, que é empurrado bruscamente para fora das festas de família, de aniversário, este que deixa de ser convidado para o cinema e para os jantares. Ultimamente já não consigo, já não consigo sequer telefonar e dizer: independentemente da vossa separação, sabes que podes contar comigo. Não é que tenha deixado de o sentir, sei simplesmente que não será assim. Sei que quem se separa não é só daquela pessoa que se separa mas do mundo inteiro que a acompanhava e que restam, nos casos em que existem, apenas os filhos. Há em alguns casos um desamparo enorme desta pessoa a quem nunca chamámos amigo porque o nosso amigo ou membro da família é o outro membro do par. E ficamos estáticos perante esse desamparo, imóveis perante o nosso laço de amor, sem palavras que possam dizer que a nossa escolha não é racional, não se faz pela justiça, tem por base sobretudo a cumplicidade que anos e anos teceram.
Um abraço, apetecia-me dar um abraço a esses que não mais verei. Com os outros, o meu abraço é permanente.
Há também a sensação por vezes estranha de que se separa quem não devia e permanece junto quem já não devia estar. O esgotar das razões e as razões que parecem não se encontrar.
E há um deles que vemos partir mais do que outro porque era com esse o nosso nó primordial, ficamos sem saber que dizer ao elo do par que sabemos que o tempo levará para longe de nós. È como se o seu rosto já se estivesse a apagar, como se a voz se estivesse a esfumar, como se do tempo que juntos vivemos já só reste a lembrança. Durante alguns anos pensei que devia acompanhar minimamente este que sairá do círculo, que é empurrado bruscamente para fora das festas de família, de aniversário, este que deixa de ser convidado para o cinema e para os jantares. Ultimamente já não consigo, já não consigo sequer telefonar e dizer: independentemente da vossa separação, sabes que podes contar comigo. Não é que tenha deixado de o sentir, sei simplesmente que não será assim. Sei que quem se separa não é só daquela pessoa que se separa mas do mundo inteiro que a acompanhava e que restam, nos casos em que existem, apenas os filhos. Há em alguns casos um desamparo enorme desta pessoa a quem nunca chamámos amigo porque o nosso amigo ou membro da família é o outro membro do par. E ficamos estáticos perante esse desamparo, imóveis perante o nosso laço de amor, sem palavras que possam dizer que a nossa escolha não é racional, não se faz pela justiça, tem por base sobretudo a cumplicidade que anos e anos teceram.
Um abraço, apetecia-me dar um abraço a esses que não mais verei. Com os outros, o meu abraço é permanente.
~CC~
4 comentários:
Um abraço
Boa Páscoa.
Clo
texto tão verdadeiro. Claramente é assim que tudo se passa.Claramente é isto que tantos não conseguem entender/sentir.
Gostei
Boa Páscoa
tão verdadeiro e tão, tão bonito de sentimentos.
:)
mas há sempre laços que mesmo parecendo invisiveis, permanecem num lugar recondido, chamado coração... e que nos fazem crescer, como uma pequena alfarrobeira... sempre...
com(o) um sorriso
Enviar um comentário