Fim de tarde com chuva pequenina. Estação de comboios, sempre a ir, sempre a chegar. O rapaz e a rapariga, na casa dos vinte, abraçam-se uma e outra vez e mais e mais. O rosto dele, mais alto, deita-se no ombro dela e o dela encosta-se no peito dele, são afagos lentos e demorados de gatos. É certo que um deles terá que ir no comboio e o outro irá ficar. A despedida deve ser apenas um até amanhã porque a Fertagus só faz trajectos curtos. Mas claro que não parece, parece que só se se irão ver dentro de uma semana, um mês, um ano. Beijam-se pouco, enrolam mais os seus corpos, procuram o encaixe como se estivessem na cama. Estão longe de ser belos, ele é muito alto e desengoçado, ela é mais baixa e forte. O comboio chega e ela prende-o ou é ele que se prende nela. Ficam assim apertados em silêncio, parece uma eternidade. O comboio parte e nenhum deles se despreende do outro. Depois riem, riem perdidos de alegria, riem da sua ousadia, riem da rebeldia que o amor tem, que só o amor tem.
Muitas vezes tentei explicar o que era a rebeldia do amor sem conseguir.
~CC~
6 comentários:
Aqui conseguiste na perfeição.
"A rebeldia do amor" é tão linda a frase.
Hoje conseguiste... até eu compreendi!
Parabéns pelo lindo texto!
Bjs
João
deixei uma coisinha ara si no meu espaço.:))
mais do que isso, conseguiste não só explicar o que era a rebeldia do amor como também essa vontade imensa de estar e de sentir...
Adorei. Adorei o texto. :) Beijinhos,
Madalena.
Na verdade o amor não se explica
nem a paixão
nem o nosso José Gomes Ferreira
bjs
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